Categoria II - Memórias - Selecionadas Nivel Escolar
Lembranças do meu lugar
Emociona-me quando falo de meu passado. Foram muitos os momentos de felicidade. A tranqüilidade e a beleza reinavam na simples localidade de Paraguai, onde passei toda minha infância usufruindo o sossego que irradiava o pequeno e humilde povoado.
A luz do iluminando as brincadeiras que brincávamos, eu e meus irmãos em volta da nossa humilde casa feita de taipa, enquanto nossos pais no terreiro conversavam.
Ao amanhecer o sol surgia iluminado à bela e grande mata que enfeitava minha tão pacata localidade. Eu acordava com o cantor dos pássaros que me faziam levantar com disposição para mais um dia.
As varedas eram o único caminho que davam acesso às outras casas, eram estreitas, mas as árvores em cada lado das varedas fazia de cada posso uma alegria cada vez maior. Esta por elas que chegávamos à estrada carroçais que nos levava até a cidade mais próxima para irmos ao médico ao fazer as compras, irmos a cavalo ou a pé.
Com o passar dos anos tudo mudou. Hoje as casas são de tijolos e muitas pessoas tentam fazer de suas casas um ambiente cada vez mais aconchegante e luxuosa. O luar parece até que foi embora, pois as pessoas não vão mais para seus terreiros, hoje todos preferem a televisão. As varedas enlanguesceram e se chamam estradas carroçal. Ela nos dá acesso ao asfalto ligando as cidades. Com transportes mais modernos, nossa vida facilitou, chegamos lá mais rápido evitando aquele cansaço. Hoje nossa localidade já usufrui comércios e posto de saúde.
As lembranças do meu lugar jamais vão fugir de minha memória, pois apesar de hoje está bem desenvolvido nunca vou conseguir esquecer da tranqüilidade que antigamente existia.
Escola de Ensino Fundamental João Evangelista da Cruz
Aluno: Andreza Rodrigues Brandão
Professor: Maria da Silva Albuquerque
Serie:9° ano
Categoria II- Memórias
Minha Querida Lagoa Salgada
Sou João Geraldo e tenho 95 anos de vida, passados na minha querida Lagoa Salgada, comunidade localizada no município de Cruz situada no interior do estado do Ceará.
Minha comunidade é pequena, motivo esse que a fez muito aconchegante. O nome foi dado a ela por que quando a maré estava cheia colocava água do mar para dentro da lagoa e a mesma ficava com sua água salgada.
Lembro-me das poucas ruas por onde passavam carroça e cavalos, únicos meios de transportes existentes. Hoje circular por elas que estão maiores carros e bicicletas.
Naquele tempo a maioria das casas era de taipa casinha deita de barro e cipó, e as poucas casas de tijolos pertenciam as famílias mais ricas. Uma das coisas que eu mais gostava era de sentir o cheiro da comida feita no fogão a lenha de minha mãe. Tudo parecia muito bom as lembranças se misturam com a saudade dos meus velhos tempos de criança.
Mas antigamente existiam dificuldades também, pois não existiam escolas e por isso não sei ler e nem escrever.
Se depois de um tempo construíram uma escola, pena que eu não tinha mais tempo pra me dedicar aos estudos. Eu sabia que os alunos morriam de medo das professoras, por que elas sempre davam um corretivo naqueles que não cumprissem as regras, palmatória e poros joelho no milho eram os piores.
Minha infância aqui também foi difícil, pois tinha que trabalhar com meu pai e quase não brincava, mas sempre tratava de dar um jeitinho e fugia pra jogar bola de saco ou meia com meus amigos.
Antigamente não se tinha aqui em Lagoa Salgada uma igreja, nem capela por isso eu e minha família percorríamos cerca de 3 Km para assistir a missa na igreja matriz da cidade de Cruz.
Hoje estou velho, mas mesmo com as falhas de memória causadas pelo tempo ainda lembro-me de um tempo bom vivido na minha querida Lagoa Salgada.
Escola de Ensino Fundamental Raimunda Elvira Brandão
Aluno: Francisco Breno de Sousa Neves
Professora: Gleiciane Maria Silveira e Freitas
Serie: 9° ano
Categoria II- Memórias
Simples, mais Gostoso
Bom. Para começa de conversa; meu nome é José Chagas, tenho 82 anos de idade. Na minha época de criança era todo ótimo, tranqüilo; tinha muito morro e mangue aqui no Preá e gente não tinha quase ninguém, pois, só o Sr Chico Anão morava aqui.
Escola naquela época era difícil, e eram muito rígidos os estudos, os alunos morriam de medo da palmatória e de ficar de joelho no milho. Eu tinha dificuldades, mas tive oportunidade de estudar e não me interesse como me arrependo!
Naquela época brincávamos muito, e era mais divertido que hoje, era as mesmas que brincam hoje em dia, mas na hora de brincar, era muita gente.
Naquele tempo era simples, a casa era simples. Eram de taipa, as portas de palha com um pedacinho de madeira que servia de fechadura. As coisas que usavam em asa eram ainda mais simples, as panelas eram de barro, o fogão era a lenha, mas esse detalhe não impedia que a comida ficasse muito gostosa, parecia que a fumacinha dava um gostinho especial à comida.
O tempo passou muito rápido, infelizmente. Comecei a trabalhar, fazia de quase tudo o que papai fazia. As coisas que nós produzíamos na roça, trocávamos com os vizinhos, o que tinha o outro não tinha, e assim ia a vida: boa e bela.
As pessoas se davam mais valor, as roupas eram bem vestidas, e muito diferente de hoje, sendo assim, todos se respeitavam. Os filhos então, tratavam os pais com o maior respeito, se respondesse o pai ou mãe levava uma sova daquelas.
Antigamente não existia namoro, pois não podiam nem pegar na mão, durante pouco o namoro e casavam-se logo, qualquer besteira a família ficava falada.
As festas eram lindas, as pessoas iam com suas melhores roupas, casamento, era festa grande, era uma no casamento, mas muito antes tinha uma pro noivado.
E eram assim as coisas no meu tempo. Tempo bons aqueles. Eu sinto saudades, pois época igual aquela não volta mais, e nem existe mais. Essas são lembranças boas do meu passado. Hoje me arrependo de não ter aproveitado melhor aquela época. Por isso, aproveitem bastante, pois quando sentirem saudades, saberão que aproveitaram o melhor que puderam.
Escola de Ensino Fundamental Leopoldo Manoel de Medeiros
Aluno: Francisca Silvanir Pessoa
professora: Eva Freitas de Menezes
Serie: 8° ano
Categoria II- Memórias
Relembrar e Viver Novamente
Sou filho de agricultor, meu pai tinha o roçado como seu ganha pão e seus filhos como ajudantes. Todos os anos brocávamos e cultivávamos a roça para fazermos a farinha, que era o sustento e o pão de cada dia. Junto com a roça, plantávamos também o milho, o feijão além da melancia, melão, pepino e cabaça.
Sempre que terminava o roçado passava no ano seguinte a ser capoeira, eu e meus irmãos plantávamos cajueiros para que no futuro teríamos outras fonte de renda, a castanha.
Recordo de quando pequeno, morávamos numa localidade chamada Cajueirinho II, município de Cruz, era uma época calma e tranqüila. Nossa casa, era espaçosa e dava para hospedar trabalhadores em tempo de farinhada. Havia várias salas, alguns quartos, um alpendre que rodeava toda a casa, tornando-a arejada e aconchegante. Na sala de fora, ficavam as cadeiras para as visitas, feitas com madeira e couro. O fogão era a lenha e espalhava o cheiro do feijão pela a casa toda. Meu pai tinha vários animais, todos as tarde eu ia deixá-los na capoeira. Houve até uma vez que caído cavalo e desmaiei. Acordei minutos depois num tucum (que é um tipo de rede feita da fibra da palmeira) de minha casa um pouco atordoado.
Naquela época as diversões eram poucas, somente aos domingos é que brincávamos de cavalinho retirados do talo de carnaúba e o jogo de futebol com bolos de maias ou de chinelos.
Nas noites de lua clara é amos passear na velha estrada coberta de areia bem alva que abri caminho no horizonte, o cheiro das matas das flores misturadas com o vento, dava aquela vontade de caminhar, caminhar sem rumo.
Agora, tudo mudou, as grandes matas deram lugar ao plantio de mais roçados e capoeiras. O terreno próximo a velha estrada de terra, cedeu espaço a uma nova BR-085, trazendo com ela carros novos e modernos que passam em alta velocidade pela pista, admirando os moradores.
O fogão a lenha foi substituído pelo fogão a gás, a energia chegou trazendo com ela os objetos eletrônicos como tv, que tomou o espaço dos bate papos, onde crianças e adultos se encontravam nas noites de lua clara para contar anedotas e histórias.
Hoje, com 56 anos, sempre relembro com meus quatro filhos, o meu passado, minhas boas recordações que jamais serão esquecidas.
Escola de Ensino Fundamental Joaquim José Monteiro
Aluno: Márcio Aires Araújo
Professor: Amélia Maria Vasconcelos
Serie: 8° ano
Categoria II – Memórias
O lugar onde vivo
O lugar onde vivo é situado no município de Cruz, Estado do Ceará e se encontra a 250 km da capital.
O nome Cedro originou-se duma planta que tinha esse nome e era conhecida por todos que por aqui passavam. A sua utilidade era grande, pois abrigava os viajantes ao meio dia, para fazerem suas refeições.
Depois de alguns anos construíram-se casas e assim as famílias foram se acostumando. Vivendo da agricultura e colhendo os frutos da terra.
Atualmente tudo está mudando temos, energia elétrica, telefone público, igreja onde as pessoas se reúnem e uma escola na qual eu estudo. Em suas extremidades passa a estrada que liga Fortaleza a Jericoacoara, um dos pontos turísticos conhecidos no mundo inteiro.
Portanto sinto muito orgulho em morar aqui e dizer para todos os brasileiros que aqui é o lugar onde eu me sinto feliz com minha família.
Escola Ensino Fundamental Artidouro Mendes Sousa
Professor: Maria Angelúcia Vasconcelos
Aluno: Isabel Farias Vasconcelos Neta
Série: 9° Ano
Categoria II – Memórias
Um tempo que passou
A minha infância foi um tempo que não tive como aproveitá-la do modo que devia ser, por falta de recursos. Eu desde sete anos de idade trabalho na agricultura.
Minha família é humilde, típica de nossas localidades. Todos de minha comunidade são assim, trabalhadores e honestos que mal ganham o pão de cada dia, nós somos povos da roça.
Todas as famílias de nossa localidade foram sempre batalhadoras para sustentar os filhos, e hoje seus filhos estão seguindo os mesmos passos dos pais.
Os moradores de minha região, sempre no período chuvoso, plantam uma certa quantia de roça, milho e feijão.
Nós somos agricultores e cultivamos a terra. Mas sonho um dia ser alguém com felicidade e paz. Eu estou estudando, quando terminar meus estudos vou ser um grande trabalhador como muitos outros.
Escola Ensino Fundamental Luís Albano da Silveira
Professora: Maria Rita Silveira
Aluno: Fernando Edson Farias
Série: 8° Ano
Categoria II – Memórias
Saudades da casa em que nasci
Não muito distante daqui, encontra-se o lugar onde nasci, um lugar muito gostoso de se viver, pois nele não tinha aparecido ainda a TV e então as brincadeiras à noite ficavam mais divertidas e os acontecimentos bem mais fáceis de serem compreendidos.
Lá as coisas aconteciam tranqüilamente, foi lá que ensaiei tremulamente os primeiros passos que no mundo dei e sei que é uma terra que me eleva, é por isso, que a minha vida a ela devo.
Com a tranqüilidade natural do lugar pude acompanhar de perto a rotina do dia-a-dia de meus pais que acordavam cedo para irem trabalhar na roça para o sustento de minha família.
Éramos uma família bem numerosa, porém, isso não favoreceu para a desestruturação da mesma.
Ainda com pouca idade, lembro que minha casa ficava perto de uma cidade, próximo a uma vivenda singela.
No meu pensamento tudo era muito belo, por ter sido o meu agasalho. Sei que a casa era pequenina e ficava perto de uma cascata, em volta de uma copada mata. A casa, hoje não mais existe, porém as fortes lembranças dos momentos felizes que lá vive, ainda persiste na minha imaginação.
Escola Ensino Fundamental Filomena Martins dos Santos
Professor: Maria Lucilene Silveira
Aluno: Brena Betriz Nascimento
Série: 9° Ano
Categoria II – Memórias
Relembrar o passado é revivê-lo
Fui visitar Dona Delha, em Córrego dos Anãs, município de Cruz. Ela é uma senhora muito simpática. Começamos a comparar algumas situações de seu tempo com as de hoje. E foi assim que Dona Delha começou a relatar sua história.
Eu morava em Caiçara, um lugar próximo de onde moro. Lá eu vivia com minha família, era um lugar sossegado, com poucas casas e moradores. Morávamos em uma casinha simples de pau-a-pique, com torno de paus e telhado de palha. Quando chovia meus irmãos e eu, íamos pro quarto de mamãe. Um dia, um dos meus irmãos vestiu a roupa de mamãe, e por eu ser a mais velha, levei a culpa. Ela me colocou de castigo em cima de feijões, pelo menos uma meia hora. Quando saí meus joelhos estavam vermelhos e latejando.
Praticamente não tive infância, cuidava dos meus irmãos e da casa, pois, papai ia ensinar e mamãe passava o dia costurando. Ela costurava para os moradores da região.
Não existia escola, então, papai na luz da lamparina ensinava-me e as outras crianças. A aula não era durante o dia, porque geralmente as crianças maiores trabalhavam para ajudar os pais com as despesas de casa. Na aula de papai ele ensinava o alfabeto e a fazer contas, mas se alguém teimasse, tomava palmatória. Era um instrumento usado para castigar com pancadas na palma da mão. Um dia meu pai mandou-me soletrar o alfabeto e como eu não sabia, ele pegou a “horrível palmatória e começou a me bater”, porém não era só nas mãos, era no meu corpo todo e pior com todos me olhando.
Entretanto na adolescência, comecei a ter mais tempo para brincar, meus irmãos já estavam mais crescidos e mamãe não deixava eu brincar com outras mocinhas, ela dizia que elas eram espevitadas, moças muito animadas no modo de falar e nos gestos - “eu sempre chorava”. As vezes quando maínha saia eu ia com as outras meninas, as bonecas eram nossa diversão preferida, quando avistava maínha, corria para casa e pedia que meus irmãos não lhe contassem.
Com os meus 15 anos comecei a namoricar, - namorar por pouco tempo sem compromisso – eu namorava escondido porque meu pai não deixava eu namorar. Eu fui uma moça muito namoradeira, lembro que os namoros do meu tempo era assim: papai pegava a lamparina e sentava no meu dos dois, se meu namorado pegasse na minha mão. Logo chamava nossa atenção. Quando completei 16 anos, conheci um rapaz pelo nome de Antônio, era um moço vistoso, logo que me viu começou a paquerar, e semanas depois começamos a namorar. Com esse moço papai não foi diferente, ele era muito rígido. Lembro-me bem de um dia que, enquanto papai foi buscar fósforo para acender a lamparina, Antônio tentou me roubar um beijo, mais papai chegou bem na hora e colocou ele pra correr.
Aos 17 anos me casei com o Antônio, e fui morar numa casinha de taipa no lugar onde vivo até hoje, tive meu primeiro filho, e depois vieram mais oito, sendo no total cinco homens e quatro mulheres. Criamos todos ele com muitas dificuldades. Em 1997 fiquei viúva, meu marido tinha uma hérnia e no trabalho de capina acabou não resistindo. Senti muito esse momento. Hoje cada vez que fecho os olhos, sinto que essas lembranças ainda batem muito forte no meu peito.
Escola Ensino Fundamental Ladislau de Paulo Magalhães
Professor: Maria Jeane Silveira Nascimento
Aluno: Lana Karina Ferreira
Série: 8° Ano
Categoria II – Memórias
Solidão, nós temos da solidão.
Já faz muito tempo...Se bem me lembro, eu era um rapazote (adolescente) quando avistei, pela primeira vez, as “Terras da Solidão...”.
O lugar fazia jus a seu nome: Mato e pedra dividiam espaço com apenas dois moradores – O Raimundo e o Manoel Rosa Velho – na época, separados por grandes porções de terras.
Recordo-me, com clareza, do dia de nossa chegada: Nosso comboio havia partido de madrugada chegamos ao escurecer.
Minha família instalou-se em uma singela casa de taipa, cuja camarinha (quarto de dormir), não foi suficiente para acomodar todas as nossas redes – onze, se não me falha a memória...
Naquela noite, fiquei a cantarolar baixinho, arremedando o pio agourento da mãe-da-lua (espécie de corujalque, de um mameleiro próximo, cantava triste, anunciando a filha altiva).
Despertei, no dia seguinte, com cheiro forte do café silado.
O sol, que atravessara as frestas da parede de barro socado, batia de leve em meu rosto brônzeo.
Era um dia quente de verão.
Do terreiro de nosso humilde casebre, constatei absorto: Tudo era verde, intocado...Quilômetros e mais quilômetros de flora primitiva, de fauna abundante...
Haviam Onças, Caititus, Cotias, Preás...Havia catingueiras, jurubebas, aroeiras...
O cheiro que vinha da mata era inebriante...Cheiro de mata virgem...
Por vezes, teimo ainda em sentir a pureza daquele odor. Todavia, percebo que os cheiros, assim como os tempos mudaram...
Hoje, o aroma exalado pelas matas já não é tão puro. Misturou-se à poeira dos escapamentos, à fumaça produzida pelas constantes queimadas...
Na verdade, nem a mata é a mesma: as aroeiras, catingueiras e jurubebas, deram lugar aos roçados de subsistência e às imensas florestas de cajueiro, cujo fruto, tornou-se a principal fonte de renda do povo solidense.
A magia, que antes era irradiada pela inóspita Solidão, já não é tão forte, mas, em outros tempos, estabeleceu vínculos inabaláveis entre mim e esta terra.
Em 1958, quando já casado, fui afugentado daqui pelo fantasma da seca, parei nove longos anos de intensa saudade...
As primeiras chuvas me trouxeram de volta a esperança de um recomeço ardia em meu peito...
No regresso, porém, as mudanças eram gritantes: moradias aqui e ali, famílias cada vez mais numerosas.
As “terras da Solidão” formam atualmente “O Solidão”, uma comunidade agrícola situada na Zona Rural do município de Cruz.
O progresso foi chegando devagar, engolindo e transformando o verde...A fantástica diversidade de antes sobrevive apenas em minha já gasta memória...
Vez ou outra, quando me interrogam sobre o Solidão de outrora, me perco no vão das palavras, fico a cismar...Nessas horas o jovem rapazote desperta. Vira onça, vira mameleiro...Sente o cheiro puro da mata virgem... Regressa a um tempo em que as terras da Solidão eram, de fato, solidárias...
Texto escrito a partir da
entrevista com o Senhor
Raimundo Monteiro de Freitas,
de 86 anos.
Escola Ensino Fundamental Pedro Marques da Cunha
Professor: Nélia Cunha Freitas Araújo
Aluno: Luciélia Carla da Cunha
Série: 9° Ano
Categoria II – Memórias
Saudosa Lembranças
No pequeno sítio do papai tinha de tudo, muitas árvores, onde as crianças subiam e comiam muitas frutas! Hoje já não há mais crianças aqui, só os pássaros...enquanto as meninas brincavam de casinha, eu e os outros meninos preparávamos os cavalos-de-pau*. Na corrida dava até briga!
Além da boa vista do sítio, a vista do mato era ainda mais bonita! Adorava cavalgar no campo, demorava horas! A natureza era muito boa, dava muitas goiabas, melhor para mamãe e para o papai, ela fazia muito goiabada. Lembro daquela tina* enorme preta, mamãe mexia tanto que suava com a quentura* do fogo. Enquanto isso papai prensava o queijo, há, eu roubava muito, e depois riscava com o grafo e mamãe achava que era rato!
Eu gostava de festas, e na época das fogueiras, ficava com meus pais conversando. Bem, eu também ia pro samba e dançava com muitas morenas formosas, mais era só dança, pois se bolisse* tinha que casar, mais história de casamento era só com os pais, muito diferente de hoje, que os jovens só fazem bobagens!
De manhazinha, dava preguiça de ir lá no Poço Doce buscar sacos de farinha. Bem, pai e mãe sérios, só pode ser casamento, casei cedo graças a meu jeitão e a meu olhar quarenta e três, a mulher faleceu me deixando quatro filhos os três rapazes e a moça já feitos, ainda bem!
Logo casei, agora a mulher é mais nova! Tive de trabalhar para sustentar a esposa, comecei na pesca, oh Deus! Me apressei e a família aumentou e junto com a família a despesa, a pesca não bastava e fui para a agricultura, agora tenho duas bocas para alimentar, é melhor comprar mais goma e rede...
Enquanto a mulher fazia o feijão maduro, eu ouvia a radiola, é, tinha que comprar um radiozinho que era mais original e eu queria ouvir a música do fuscão preto! Bom, começou a apertar, ainda bem que chegou a época do caju, eu vou juntar muita castanha!
Esse lugar mudou muito! Hoje percebo a diferença! Já fui menino, rapaz homem hoje sou velho, e que sirvo apenas para contar minha saudosa lembrança...
Cavalo-de-pau: brinquedo esculpido no talo da carnaubeira.
Tina: panela grande própria de fazer doces
Bolisse: Ato de engravidar as moças solteiras.
Quentura: Alta temperatura, causando calor.
Escola de Ensino Fundamental São Paulo
Professor: Francisco Henrique da Conceição
Aluno: Andreza Maria Silveira Louzada
Série: 8° Ano
Categoria II – Memórias
Minha vida, minha história
Nos anos de 1945, eu ainda era criança, morava em Caboclos naquela época ainda município de Acaraú, mesmo com essa idade, eu acumulava muito sofrer, errei muito mas aprendi com meus próprios erros, dando o meu máximo.
Eu era uma menina pobre, o meu grande sonho era ver meus pais felizes, pois de onze filhos, apenas eu sobrevivi, fiz muitos sacrifícios, eu trabalhava como uma escrava, debaixo de sol e chuva o trabalho era intenso, e não media esforços para obter a minha e a sobrevivência dos meus pais, o trabalho era com a roça, o algodão e o bordado.
Minha mãe sempre dizia:
- Filha espero que você seja uma pessoa de bons modos, mesmo não podendo ir a escola. Quando alguém interrompia uma conversa, pegávamos uma leruada “uma grande surra”. A comida no tempo da seca era farofa de semente de melancia e farofa de caroço de jucunã. Nos vestíamos com as seguintes fazendas, tecido, chita, volta ao mundo, tergal, almesca, estopa, estampa, tropical ou outros eram pique, seda e cambraia eram tecidos muitos caros.
No dia em que completei 16 anos meu pai morreu. O tempo passou minha mãe pegou uma anemia muito forte e acabou morrendo, fui morar com meus padrinhos, lá eu trabalhei muito, com vinte e quatro anos casei-me, considero-me uma mulher de sorte, mais de treze filhos apenas sete sobreviveram, mesmo assim fiquei contente com os que ficaram vivos.
Consegui construir um alicerce, mais forte que concreto era meu objetivo e o concluiu, pois montei um quebra-cabeça incrível a família, não perfeita porque ninguém é.
Escola Ensino Fundamental Manoel Antônio da Silveira
Professor: Maria Eliane de Sousa Brandão
Aluno: Francisca Janaína do Nascimento
Série: 8° Ano
Que infância!
Naqueles tempos de menina, ajudava no sustento da família fazendo bordado à mão. Desde criança aprendi a arte de bordar e passava hora entretida com essa atividade. Minha mãe, ao meu lado, trabalhava fiando algodão para fazer nossas roupas. De segunda a sexta-feira era sempre a mesma rotina.
Quando chegava sábado e domingo todo o tempo, era dedicada a brincadeira: subíamos nos cajueiros e brincamos de pega-pega, com meus irmãos, primos e amigos. Se for noite de lua clara, a brincadeira continuava. Brincávamos de casinha, fazíamos comida para as bonecas e também brincávamos de cantigas de roda.
Na mocidade continuei ajudando minha família. Quando minha mãe saia, eu inventava de costurar, mesmo com as ordens dela dizendo para não mexer na maquina. Meus estudos foram poucos, pois comecei com 11 anos e fiz somente a 4° serie. Tinha que estudar á noite e meus pais não gostavam. Toda vez que ia me arruma para ir á escola, tinha sempre que ouvir suas advertências. Quando acontecia alguma festa, nem pensar em saia, só em companhia da mamãe. Mas se saiamos para as festas juninas, dava um jeito de escapole e cair na dança.
Hoje recordando as dificuldades tive uma infância feliz.
Centro de Educação Básica Paulo Freire
Aluno: Alessandra
Categoria II - Memórias
Minha Longa Jornada.
Aroeira o inicio de uma longa historia, uma história bem bacana.
Seu Odilon tem 73 anos. Nasceu em cambota, mas logo cedo se mudou para Aroeira. Ele me contou que desde meninote lutou por uma vida melhor.
Tudo começou quando cheguei aqui em Aroeira, com meus cinco anos de idades, em minha volta vi somente quando casas e muitos matos, me adaptei fácil, pois não tinha tanta diferença do lugar onde nasci, ao contrario, foi aqui que fiz muitas amizades, amigas esses que fizeram de minha dura infância um pouquinho melhor. Como todo moleque daquela época, minha brincadeira preferida era cavalo de pau, e quando enjoávamos brincávamos de esconde-esconde, pega-pega e outros que o tempo me fizeram esquecer.
Minha juventude foi totalmente diferente, tive que trocar as brincadeiras pelos trabalhos duro na roça, e com tantas responsabilidades também tive que desistir de um grande sonho, sempre sonhei em estudar; poder conhecer as maravilhas do mundo, mas infelizmente minhas obrigações eram maiores que qualquer coisa, mas nem por isso desiste de aprender, lembro que levei muito tempo para aprender o alfabeto, e não tenho vergonha de dizer que consegui com treze anos e escrevendo no chão. Eu recordo que naquele tempo as paqueras eram jogando pedra e milhos nas garotas, e quando elas devolveram era porque também estavam interessadas. Muitas famílias faziam questão de colocar um banco em frente de suas casas, para que os homens soubessem que ali tinham moças solteiras. Em noite resolvi tentar a sorte em uma casa, lá fui recebido bem e levei a moça para o banquinho e conversamos um pouco de nós. Eu não resisti e dei um beijo na testa dela, ela baixou a cabeça e começou chorar, e eu com medo do pai dela, fui embora e nunca mais voltei. Até hoje eu penso que foi emoção do primeiro beijo.Depois de tantos amores fracassados, consegui encontrar aquela que comigo veio a se casar, com ela dividir todos os meus momentos, construímos uma família onde nasceram quatorzes filhos. Só que o destino também foi muito cruel comigo tirando de mim dez filhos, onde morreram por falta de alimentação por causa de terríveis doenças da época.
O mais importante de tudo isso, foi que consegui chegar no dia de hoje, com meus quatro filhos que são a maior orgulho da minha vida.
Talvez eu não tenha realizado tantas coisas naquela época, mas sou um homem realizado hoje, só me entreteço ao ver hoje em dia tanta violência, tanta miséria, tanta desigualdade. Espero que todos façam com eu, lutem para consegui resultados melhores.
Escola de Ensino Fundamental Santa Cecília
Aluno: Regina Célia de Lima
Professora: Maria Evéunia Araújo carvalho
Serie: 9° ano
Categoria II- Memórias
As verdadeiras diferenças
Vovó Creuza nasceu e criou-se em cajueirinho onde vive até hoje, um lugarzinho pequeno, mais adorado por todos que o conhece. Sempre gostei de conversar com ela, só ficava chateada quando eu não entendia, o significado de algumas palavras mencionado por ela, eu acho esquisito.
Um dia nós duas conversando sobre assuntos do passado, ela resolveu então me contar um pouco das muitas dificuldades enfretandas por ela e sua família, e começou assim:
Morávamos numa casinha de taipo bem pobrezinha, o piso era de terra batida e a fumaça que vinha do fogão a lenha inundava a casa, minha família passava por muitas dificuldades, mas vivíamos felizes, pois nunca prendi a esperança de ter uma vida melhor. Nossa casinha querida, tinha a penas panelas de barro, um pote d’água no pé da parede com um copeiro onde pendurava os canecos e as colherinhas de pau com suas quenguinhas, cozinhávamos a lenha. A iluminação vinha de uma lamparina que ficava em cima do caritó existia também um banquinho de pau do qual eu tinha muitos ciúmes. Lembro-me de minha infância humilde onde eu brincava com minhas bonecas de sabugo e de pano confeccionas pela minha mãe. Naquele tempo quando eu estudava a escola era difícil qualquer deslize lá vinha a palmatória como castigo, outro castigo comum era o aluno de joelhos em cima de caroços de milho e quando a professora se aproximava de mim, logo minhas mãos tremiam e eu me transformava numa verdadeira estatua de gelo.
Mamãe sempre foi uma mulher trabalhadeira e ensinou a mim e as minhas irmãs a fiar algodão no fuso para tecer rede,passávamos o dia quase todo nesse oficio, mas quando chegava a noite eu era a primeira a me arrumar para sair, a minha diversão preferida era ir para as cantorias. O tempo foi passando e os meus pais sempre nos proibiam de namorar ou de falar com menino, mas quando eu já estava bem maduro da vida conheci um viúvo com cinco filhos, nos casamos e tivemos nove filhos e as dificuldades só aumentaram, só quando nos aposentamos é que foi melhorando a nossa vida.
O tempo passou depressa e hoje vivo com as minhas lembranças do passado que eu jamais poderia esquecer as recordações que ficaram na minha mente até hoje.
Nossa vovó, que história surpreendente! Tudo isso aconteceu com a senhora?
Sim minha neta, tudo isso, mas hoje tudo mudou hoje é tão grande a minha felicidade que não consigo descrevê-la.
Escola de Ensino Fundamental Maria Filomeno Sousa
Aluno: Maria Aline de Freitas
Professora: Leida Maria Sousa
Serie: 8° ano
Olimpíadas de Língua Portuguesa
Escrevendo o Futuro
Categoria II – Memórias
Escola: EEF. João Evangelista Vasconcelos
Professor: Maria Edileuza da Silveira
Aluno: Antônio Sérgio Marques
Ano: 8º. Ano
Remexendo o Baú
Certo dia, sem nada para fazer, resolvi remexer em um velho baú e reviver minha infância. Ao abrir o baú, dei logo de cara com um pequeno livrinho . Era a carta do ABC, um livrinho bastante útil nos dois primeiros anos de estudo. Encontrei também a cartilha, um livro um pouco maior e que foi muitíssimo utilizado no meu terceiro ano de estudos. Naquela época, poucos estudavam, pois não tínhamos a oportunidade que as crianças de hoje possuem. Além disso, não existiam escolas como as de hoje e tínhamos que estudar nas casas de famílias. Ao guardar a cartilha, encontrei um antigo álbum de fotografias e, ao abri-lo, a primeira coisa que vi foi uma fotografia minha com meus pais. Nesse momento, comparei o passado com o presente e percebi uma grande diferença. Antes, os filhos tinham um grande respeito e obediência por seus pais, já hoje, os filhos não os obedecem mais e não respeitam quem os trouxe ao mundo.
Virei a página e vi a fotografia onde eu e meus amigos jogavam futebol com uma bola de pano, nosso brinquedo favorito. Encontrei também, uma foto de minha irmã e suas amigas brincando com uma pequena boneca, também confeccionada com pano.
Foi aí que lembrei de uma velha brincadeira que eu e todos os garotos de minha idade costumávamos fazer. Nós todos adorávamos matar pássaros com uma baladeira.
Hoje, arrependo-me de tê-los matados e, se pudesse, traria todos esses inocentes de volta ao mundo.
Logo em seguida, voltei a ótimos tempos, o dia do meu casamento. Naquela época, o casamento era totalmente diferente dos de hoje e, como de costume, meu pai e meu futuro sogro marcaram a data do casamento e ao chegar o dia, mataram um porco e um peru para festejar a cerimônias.
Após minutos compenetrados nas antigas lembranças, chegou um de meus netos perguntando se eu poderia ajudá-lo em uma tarefa da escola sobre a origem da comunidade. Guardei o baú e atendendo ao seu pedido, lembrei logo das antigas histórias sobre a origem do lugar contado por meus pais e avós então falei que em 1870, Frutuoso José de Freitas, primeiro morador do lugar, adquiriu uma área de 3.600 hectares de terra e, tendo-a comprado, o mesmo mandou registrá-la com o nome de Cajueirinho, devido ao fato de ter encontrado um cajueiro solitário no centro do seu terreno.
Esse cajueiro viveu vários anos e, em 1.964, devido ao brejo da primeira cheia do açude da Prata, o mesmo veio a desabar. Porém, em compensação, no mesmo local ficou outro cajueiro que nasceu de um fruto seu e permanece vivo até os dias de hoje. Passando a falar das moradias antigas, falei que antigamente havia quatro tipos de casas: de taipa, de cipó, de palha e de tijolos de areia; falei também que antes as casas eram bem baixas e costumavam ter alpendres ao seu redor.
Ele observou e escreveu tudo que eu disse; em seguida, agradeceu e foi embora, mim deixando novamente sozinho e relembrando tudo de bom que vivi no meu velho tempo de infância.
Texto escrito com base na entrevista com José Simão de Souza, 55 anos.
Olimpíadas de Língua Portuguesa
Escrevendo o Futuro
Categoria II – Memórias
Escola: EEF. Macário José de Farias
Professora: Maria Rosemeire de Vasconcelos Costa
Aluna: Nathália Farias Vasconcelos
Ano: 7º. Ano
A vida nos tempos do queima
Certo dia estava pensando nesses casamentos, na juventude e no namoro da molecada e, de repente percebi quantas mudanças ocorreram, principalmente na intimidade das pessoas. Então, lembrei dos meus tempos de romance em que havia dois seguranças, papai e mamãe; e, um tipo de iluminação bem rara, a lamparina, isso jamais poderia esquecer. Aperto de mão e abraço, nem sempre eram aceitos pelos pais, portanto, só restava dialogar, coisa que nesses tempos modernos não acontece.
Passado alguns minutos, e eu ainda pensando, lembrei-me de um termo bem engraçado, “o queima’’, casamento executado sem a permissão dos pais. A coisa mais louca que existiu naqueles tempos. Porém, era legal. Se um filho saísse para passear e na ocasião conhecesse uma moça, poderia fazer “o queima’’, e rapidamente, sem que os pais soubessem estavam casados, embora que sem idade para assumir a família.
Tenho marcas profundas em minha memória. A vida naquela época não era fácil. As famílias tinham filhos, e por isso, passavam muita necessidade, pois não eram famílias pequenas como as de hoje. Conheço algumas de quinze filhos ou mais. Lembro-me que muitas vezes, passaram fome e esta era tão grande que comia batata de xipé vermelho com carapiau: um peixe pequeno da região, farinha também não tinha, então, usávamos cinza. A situação era muito difícil.
É, nosso lugarzinho sofreu muitas transformações. Viveu seca, enchente e por algumas delas também passei. Nesses dias estou aqui, nesse pequeno cantinho do Ceará, mostrando as marcas de um povo brasileiro que mesmo sofrido, enquanto tem imaginação, não deixa de pensar.
Olimpíadas de Língua Portuguesa
Escrevendo o Futuro
Categoria II – Memórias
Escola: Centro de Educação Básica Maria Pereira Brandão
Professora: Rejane Cláudia Vasconcelos Rocha
Aluna: Bruna Marília Costa
Ano: 8º. Ano
Lembrando as raízes
Naquela época não havia energia elétrica, a luz que clareava a noite era apenas a luz das lamparinas ou a claridade das estrelas e do luar.
Na minha infância não tive nenhum fato marcante, brincava com bonecas feita de pano ou de espigas de milho, além de ter que ir todos os dias trabalhar na roça com meus pais.
As condições de vida eram muito poucas, não tinha opções de trabalhos e o que ganhávamos só dava para comer.
Estudo, não tive muito, pois era muito difícil e as poucas escolas se encontravam no centro da cidade e eu morava na zona rural e ficava muito longe para ir.
Os únicos meios de transportes eram as mulas, cavalos ou carroças ainda assim tinha quem optasse pelas bicicletas.
Eletros domésticos, só em sonho mesmo, naquele tempo não tinham dinheiro para essas mordomias.
Os comércios eram poucos e eram conhecidos como “retalho’’, as coisas eram vendidas apenas pela metade”.
As diversões eram mínimas, tinham aquelas cantorias ao redor de uma fogueira e ainda tinha as serenatas feitas as enamoradas eternas.
Ah! Tinha também os resos que davam o que falar, e as novenas da Igreja que arrastavam enormes multidões.
A minha casa como as da maioria do povoado eram feitas de taipo, palha e barro, mais conhecida como casa de “Pau-a-pique”, havia apenas dois quartos, uma sala, e uma cozinha, onde ficava o fogão a lenha com suas enormes chamas que se via ao longe.
Na minha adolescência fui acertada pelo cupido do amor e senti meu coração bater acelerado e lento ao mesmo tempo.
E logo já estava casada e construí junto ao meu marido uma linda família.
Apesar de ter tido uma vida sofrida hoje tenho o que meus pais não tiveram e dou tudo o que não tive aos meus filhos.
E quando me pergunto o que penso sobre o meu passado, respondo que nunca deixarei de me lembrar das minhas raízes, pois são elas que me tornaram a grande pessoa que sou hoje.
Texto baseado na vida de Francisca Leite de Sousa Silveira.
Olimpíadas de Língua Portuguesa
Escrevendo o Futuro
Categoria II – Memórias
Escola: E.F.M. São Francisco da Cruz.
Professora: Leiliane Regiane Farias
Aluna: Nathália Mendes de Sousa
Ano: 2º. Ano médio
A pratica do aborto em Cruz
Atualmente presenciamos diversas mudanças no comportamento da mulher, que beneficiou e prejudicou sua vida em sociedade. Hoje são inúmeros os casos de mulheres que interrompem de forma brutal uma gravidez e vêem nisso uma forma de não cumprir com sua responsabilidade.
Em minha região a questão do aborto tornou-se um tema polêmico, pois todos possuem uma opinião acerca desse assunto. Um grupo de mulheres que lutam pelo aborto afirmam que: “ temos o direito de exercer nossa sexualidade, temos o direito de ter filhos se e quando quisermos, temos o direito de interromper uma gravidez de maneira pública, legal, sem risco, quando assim quisermos {...}. Autodeterminação é o direito que todas as pessoas têm de decidir sobre sua vida”. Mas eu concordo com o considerado pai da embriologia Karl Ernest Von Baer quando afirma que “A vida humana começa na concepção, isto é, no momento em que o espermatozóide entra em contato com o óvulo, que ocorre já nas primeiras horas após a relação sexual e nessa fase do zigoto que, toda a identidade genética do novo ser é definida, a partir daí, inicia a vida biológica do ser humano”.
Sabemos que antigamente nossas famílias eram constituídas por mais filhos, o papel da mulher era apenas cuidar da casa e da família. Hoje a presença feminina destaca-se cada vez mais, porém isso não justifica o ato de impedir a vida recém-concebida. Mas será que quando falamos em uma gravidez que é causada por estupro, quando a vitima sofre violência cruel e desumana e principalmente sofrimento psicológico nos autoriza o direito de interromper essa gravidez? Argumenta-se que nesses casos devemos levar em consideração o grande valor da saúde mental da mulher, pois o feto continuaria a recordá-la durante nove meses a violência cometida, e apenas aumentaria a sua angústia mental. Porém devemos lembrar que o feto não é o agressor, o agressor é o estuprador, o feto apenas é uma vitima inocente, como a mãe. Por isso, não pode ser morto, com base na consideração não ser ele o agressor.
Certamente para solucionar esse problema, nossos Prefeitos e demais autoridades justificariam que, com a matéria Educação Sexual que já é implantada em todos as escolas, as adolescentes teriam mais informações sobre anticoncepcional e serviços, prevenindo então a gravidez e o aborto, mas está acontecendo exatamente o contrário, a gravidez em mulheres duplicou segundo o Centro Nacional de Saúde.
Entre muitos grupos sociais que dizem sim ao aborto somente Igreja mantém-se firme em defender que o feto é ser vivo, que já tem capacidades humanas: raciocínio, vontade e outras atividades e que a morte significa o fim do crescimento natural.
Portanto, defendo que devem ser utilizadas soluções como: ajuda psicológica, religiosa e social para as vitimas de estupro ou adolescentes que enfrentam uma gravidez indesejada. Devemos enfatizar os valores da família, o respeito ás pessoas, o sentido do verdadeiro amor, que não é apenas atração sexual, mas principalmente a responsabilidade diante dos atos.
Categoria II- Memórias
O lugar onde vivo
Na comunidade em que eu moro, antes era chamado de sito caldeirão, o dono dessas terras deu esse nome. Alguns anos após as pessoas deram o nome de Canafistula por haver varias árvores, cujo nome é Canafistula.
A vegetação de antigamente era mata silvestre agora as pessoas estão desmatando e cultivando os cajueiros.
A cultura do povo era a cantoria, rezados e outros. Ditos populares como, vamos sapia, arriégua, orcuvanbu e outros. Hoje é dificio ter o rezado e a cantoria mais é as seresta e festas e esses ditados populares que ainda falam.
É ariégua.
Antes para cuidar da saúde tinha que se locomover a cidade de Acaraú. As mães têm os seus filhos em casa. E hoje as mães têm no hospital. As coisas mudaram, havendo facilidade para cuidar de nossa saúde. Há hospital, posto de saúde próximo de minha comunidade.
Com isso melhorou 100% a saúde da nossa comunidade, diminuindo a mortalidade e dos idosos.
Escola de Ensino Fundamental Valdemar Paulo Ribeiro
Aluno: José Gilvan Sousa
Professor: Maria Erineide Pinto
Serie: 9° ano
Lembranças do meu lugar
Emociona-me quando falo de meu passado. Foram muitos os momentos de felicidade. A tranqüilidade e a beleza reinavam na simples localidade de Paraguai, onde passei toda minha infância usufruindo o sossego que irradiava o pequeno e humilde povoado.
A luz do iluminando as brincadeiras que brincávamos, eu e meus irmãos em volta da nossa humilde casa feita de taipa, enquanto nossos pais no terreiro conversavam.
Ao amanhecer o sol surgia iluminado à bela e grande mata que enfeitava minha tão pacata localidade. Eu acordava com o cantor dos pássaros que me faziam levantar com disposição para mais um dia.
As varedas eram o único caminho que davam acesso às outras casas, eram estreitas, mas as árvores em cada lado das varedas fazia de cada posso uma alegria cada vez maior. Esta por elas que chegávamos à estrada carroçais que nos levava até a cidade mais próxima para irmos ao médico ao fazer as compras, irmos a cavalo ou a pé.
Com o passar dos anos tudo mudou. Hoje as casas são de tijolos e muitas pessoas tentam fazer de suas casas um ambiente cada vez mais aconchegante e luxuosa. O luar parece até que foi embora, pois as pessoas não vão mais para seus terreiros, hoje todos preferem a televisão. As varedas enlanguesceram e se chamam estradas carroçal. Ela nos dá acesso ao asfalto ligando as cidades. Com transportes mais modernos, nossa vida facilitou, chegamos lá mais rápido evitando aquele cansaço. Hoje nossa localidade já usufrui comércios e posto de saúde.
As lembranças do meu lugar jamais vão fugir de minha memória, pois apesar de hoje está bem desenvolvido nunca vou conseguir esquecer da tranqüilidade que antigamente existia.
Escola de Ensino Fundamental João Evangelista da Cruz
Aluno: Andreza Rodrigues Brandão
Professor: Maria da Silva Albuquerque
Serie:9° ano
Categoria II- Memórias
Minha Querida Lagoa Salgada
Sou João Geraldo e tenho 95 anos de vida, passados na minha querida Lagoa Salgada, comunidade localizada no município de Cruz situada no interior do estado do Ceará.
Minha comunidade é pequena, motivo esse que a fez muito aconchegante. O nome foi dado a ela por que quando a maré estava cheia colocava água do mar para dentro da lagoa e a mesma ficava com sua água salgada.
Lembro-me das poucas ruas por onde passavam carroça e cavalos, únicos meios de transportes existentes. Hoje circular por elas que estão maiores carros e bicicletas.
Naquele tempo a maioria das casas era de taipa casinha deita de barro e cipó, e as poucas casas de tijolos pertenciam as famílias mais ricas. Uma das coisas que eu mais gostava era de sentir o cheiro da comida feita no fogão a lenha de minha mãe. Tudo parecia muito bom as lembranças se misturam com a saudade dos meus velhos tempos de criança.
Mas antigamente existiam dificuldades também, pois não existiam escolas e por isso não sei ler e nem escrever.
Se depois de um tempo construíram uma escola, pena que eu não tinha mais tempo pra me dedicar aos estudos. Eu sabia que os alunos morriam de medo das professoras, por que elas sempre davam um corretivo naqueles que não cumprissem as regras, palmatória e poros joelho no milho eram os piores.
Minha infância aqui também foi difícil, pois tinha que trabalhar com meu pai e quase não brincava, mas sempre tratava de dar um jeitinho e fugia pra jogar bola de saco ou meia com meus amigos.
Antigamente não se tinha aqui em Lagoa Salgada uma igreja, nem capela por isso eu e minha família percorríamos cerca de 3 Km para assistir a missa na igreja matriz da cidade de Cruz.
Hoje estou velho, mas mesmo com as falhas de memória causadas pelo tempo ainda lembro-me de um tempo bom vivido na minha querida Lagoa Salgada.
Escola de Ensino Fundamental Raimunda Elvira Brandão
Aluno: Francisco Breno de Sousa Neves
Professora: Gleiciane Maria Silveira e Freitas
Serie: 9° ano
Categoria II- Memórias
Simples, mais Gostoso
Bom. Para começa de conversa; meu nome é José Chagas, tenho 82 anos de idade. Na minha época de criança era todo ótimo, tranqüilo; tinha muito morro e mangue aqui no Preá e gente não tinha quase ninguém, pois, só o Sr Chico Anão morava aqui.
Escola naquela época era difícil, e eram muito rígidos os estudos, os alunos morriam de medo da palmatória e de ficar de joelho no milho. Eu tinha dificuldades, mas tive oportunidade de estudar e não me interesse como me arrependo!
Naquela época brincávamos muito, e era mais divertido que hoje, era as mesmas que brincam hoje em dia, mas na hora de brincar, era muita gente.
Naquele tempo era simples, a casa era simples. Eram de taipa, as portas de palha com um pedacinho de madeira que servia de fechadura. As coisas que usavam em asa eram ainda mais simples, as panelas eram de barro, o fogão era a lenha, mas esse detalhe não impedia que a comida ficasse muito gostosa, parecia que a fumacinha dava um gostinho especial à comida.
O tempo passou muito rápido, infelizmente. Comecei a trabalhar, fazia de quase tudo o que papai fazia. As coisas que nós produzíamos na roça, trocávamos com os vizinhos, o que tinha o outro não tinha, e assim ia a vida: boa e bela.
As pessoas se davam mais valor, as roupas eram bem vestidas, e muito diferente de hoje, sendo assim, todos se respeitavam. Os filhos então, tratavam os pais com o maior respeito, se respondesse o pai ou mãe levava uma sova daquelas.
Antigamente não existia namoro, pois não podiam nem pegar na mão, durante pouco o namoro e casavam-se logo, qualquer besteira a família ficava falada.
As festas eram lindas, as pessoas iam com suas melhores roupas, casamento, era festa grande, era uma no casamento, mas muito antes tinha uma pro noivado.
E eram assim as coisas no meu tempo. Tempo bons aqueles. Eu sinto saudades, pois época igual aquela não volta mais, e nem existe mais. Essas são lembranças boas do meu passado. Hoje me arrependo de não ter aproveitado melhor aquela época. Por isso, aproveitem bastante, pois quando sentirem saudades, saberão que aproveitaram o melhor que puderam.
Escola de Ensino Fundamental Leopoldo Manoel de Medeiros
Aluno: Francisca Silvanir Pessoa
professora: Eva Freitas de Menezes
Serie: 8° ano
Categoria II- Memórias
Relembrar e Viver Novamente
Sou filho de agricultor, meu pai tinha o roçado como seu ganha pão e seus filhos como ajudantes. Todos os anos brocávamos e cultivávamos a roça para fazermos a farinha, que era o sustento e o pão de cada dia. Junto com a roça, plantávamos também o milho, o feijão além da melancia, melão, pepino e cabaça.
Sempre que terminava o roçado passava no ano seguinte a ser capoeira, eu e meus irmãos plantávamos cajueiros para que no futuro teríamos outras fonte de renda, a castanha.
Recordo de quando pequeno, morávamos numa localidade chamada Cajueirinho II, município de Cruz, era uma época calma e tranqüila. Nossa casa, era espaçosa e dava para hospedar trabalhadores em tempo de farinhada. Havia várias salas, alguns quartos, um alpendre que rodeava toda a casa, tornando-a arejada e aconchegante. Na sala de fora, ficavam as cadeiras para as visitas, feitas com madeira e couro. O fogão era a lenha e espalhava o cheiro do feijão pela a casa toda. Meu pai tinha vários animais, todos as tarde eu ia deixá-los na capoeira. Houve até uma vez que caído cavalo e desmaiei. Acordei minutos depois num tucum (que é um tipo de rede feita da fibra da palmeira) de minha casa um pouco atordoado.
Naquela época as diversões eram poucas, somente aos domingos é que brincávamos de cavalinho retirados do talo de carnaúba e o jogo de futebol com bolos de maias ou de chinelos.
Nas noites de lua clara é amos passear na velha estrada coberta de areia bem alva que abri caminho no horizonte, o cheiro das matas das flores misturadas com o vento, dava aquela vontade de caminhar, caminhar sem rumo.
Agora, tudo mudou, as grandes matas deram lugar ao plantio de mais roçados e capoeiras. O terreno próximo a velha estrada de terra, cedeu espaço a uma nova BR-085, trazendo com ela carros novos e modernos que passam em alta velocidade pela pista, admirando os moradores.
O fogão a lenha foi substituído pelo fogão a gás, a energia chegou trazendo com ela os objetos eletrônicos como tv, que tomou o espaço dos bate papos, onde crianças e adultos se encontravam nas noites de lua clara para contar anedotas e histórias.
Hoje, com 56 anos, sempre relembro com meus quatro filhos, o meu passado, minhas boas recordações que jamais serão esquecidas.
Escola de Ensino Fundamental Joaquim José Monteiro
Aluno: Márcio Aires Araújo
Professor: Amélia Maria Vasconcelos
Serie: 8° ano
Categoria II – Memórias
O lugar onde vivo
O lugar onde vivo é situado no município de Cruz, Estado do Ceará e se encontra a 250 km da capital.
O nome Cedro originou-se duma planta que tinha esse nome e era conhecida por todos que por aqui passavam. A sua utilidade era grande, pois abrigava os viajantes ao meio dia, para fazerem suas refeições.
Depois de alguns anos construíram-se casas e assim as famílias foram se acostumando. Vivendo da agricultura e colhendo os frutos da terra.
Atualmente tudo está mudando temos, energia elétrica, telefone público, igreja onde as pessoas se reúnem e uma escola na qual eu estudo. Em suas extremidades passa a estrada que liga Fortaleza a Jericoacoara, um dos pontos turísticos conhecidos no mundo inteiro.
Portanto sinto muito orgulho em morar aqui e dizer para todos os brasileiros que aqui é o lugar onde eu me sinto feliz com minha família.
Escola Ensino Fundamental Artidouro Mendes Sousa
Professor: Maria Angelúcia Vasconcelos
Aluno: Isabel Farias Vasconcelos Neta
Série: 9° Ano
Categoria II – Memórias
Um tempo que passou
A minha infância foi um tempo que não tive como aproveitá-la do modo que devia ser, por falta de recursos. Eu desde sete anos de idade trabalho na agricultura.
Minha família é humilde, típica de nossas localidades. Todos de minha comunidade são assim, trabalhadores e honestos que mal ganham o pão de cada dia, nós somos povos da roça.
Todas as famílias de nossa localidade foram sempre batalhadoras para sustentar os filhos, e hoje seus filhos estão seguindo os mesmos passos dos pais.
Os moradores de minha região, sempre no período chuvoso, plantam uma certa quantia de roça, milho e feijão.
Nós somos agricultores e cultivamos a terra. Mas sonho um dia ser alguém com felicidade e paz. Eu estou estudando, quando terminar meus estudos vou ser um grande trabalhador como muitos outros.
Escola Ensino Fundamental Luís Albano da Silveira
Professora: Maria Rita Silveira
Aluno: Fernando Edson Farias
Série: 8° Ano
Categoria II – Memórias
Saudades da casa em que nasci
Não muito distante daqui, encontra-se o lugar onde nasci, um lugar muito gostoso de se viver, pois nele não tinha aparecido ainda a TV e então as brincadeiras à noite ficavam mais divertidas e os acontecimentos bem mais fáceis de serem compreendidos.
Lá as coisas aconteciam tranqüilamente, foi lá que ensaiei tremulamente os primeiros passos que no mundo dei e sei que é uma terra que me eleva, é por isso, que a minha vida a ela devo.
Com a tranqüilidade natural do lugar pude acompanhar de perto a rotina do dia-a-dia de meus pais que acordavam cedo para irem trabalhar na roça para o sustento de minha família.
Éramos uma família bem numerosa, porém, isso não favoreceu para a desestruturação da mesma.
Ainda com pouca idade, lembro que minha casa ficava perto de uma cidade, próximo a uma vivenda singela.
No meu pensamento tudo era muito belo, por ter sido o meu agasalho. Sei que a casa era pequenina e ficava perto de uma cascata, em volta de uma copada mata. A casa, hoje não mais existe, porém as fortes lembranças dos momentos felizes que lá vive, ainda persiste na minha imaginação.
Escola Ensino Fundamental Filomena Martins dos Santos
Professor: Maria Lucilene Silveira
Aluno: Brena Betriz Nascimento
Série: 9° Ano
Categoria II – Memórias
Relembrar o passado é revivê-lo
Fui visitar Dona Delha, em Córrego dos Anãs, município de Cruz. Ela é uma senhora muito simpática. Começamos a comparar algumas situações de seu tempo com as de hoje. E foi assim que Dona Delha começou a relatar sua história.
Eu morava em Caiçara, um lugar próximo de onde moro. Lá eu vivia com minha família, era um lugar sossegado, com poucas casas e moradores. Morávamos em uma casinha simples de pau-a-pique, com torno de paus e telhado de palha. Quando chovia meus irmãos e eu, íamos pro quarto de mamãe. Um dia, um dos meus irmãos vestiu a roupa de mamãe, e por eu ser a mais velha, levei a culpa. Ela me colocou de castigo em cima de feijões, pelo menos uma meia hora. Quando saí meus joelhos estavam vermelhos e latejando.
Praticamente não tive infância, cuidava dos meus irmãos e da casa, pois, papai ia ensinar e mamãe passava o dia costurando. Ela costurava para os moradores da região.
Não existia escola, então, papai na luz da lamparina ensinava-me e as outras crianças. A aula não era durante o dia, porque geralmente as crianças maiores trabalhavam para ajudar os pais com as despesas de casa. Na aula de papai ele ensinava o alfabeto e a fazer contas, mas se alguém teimasse, tomava palmatória. Era um instrumento usado para castigar com pancadas na palma da mão. Um dia meu pai mandou-me soletrar o alfabeto e como eu não sabia, ele pegou a “horrível palmatória e começou a me bater”, porém não era só nas mãos, era no meu corpo todo e pior com todos me olhando.
Entretanto na adolescência, comecei a ter mais tempo para brincar, meus irmãos já estavam mais crescidos e mamãe não deixava eu brincar com outras mocinhas, ela dizia que elas eram espevitadas, moças muito animadas no modo de falar e nos gestos - “eu sempre chorava”. As vezes quando maínha saia eu ia com as outras meninas, as bonecas eram nossa diversão preferida, quando avistava maínha, corria para casa e pedia que meus irmãos não lhe contassem.
Com os meus 15 anos comecei a namoricar, - namorar por pouco tempo sem compromisso – eu namorava escondido porque meu pai não deixava eu namorar. Eu fui uma moça muito namoradeira, lembro que os namoros do meu tempo era assim: papai pegava a lamparina e sentava no meu dos dois, se meu namorado pegasse na minha mão. Logo chamava nossa atenção. Quando completei 16 anos, conheci um rapaz pelo nome de Antônio, era um moço vistoso, logo que me viu começou a paquerar, e semanas depois começamos a namorar. Com esse moço papai não foi diferente, ele era muito rígido. Lembro-me bem de um dia que, enquanto papai foi buscar fósforo para acender a lamparina, Antônio tentou me roubar um beijo, mais papai chegou bem na hora e colocou ele pra correr.
Aos 17 anos me casei com o Antônio, e fui morar numa casinha de taipa no lugar onde vivo até hoje, tive meu primeiro filho, e depois vieram mais oito, sendo no total cinco homens e quatro mulheres. Criamos todos ele com muitas dificuldades. Em 1997 fiquei viúva, meu marido tinha uma hérnia e no trabalho de capina acabou não resistindo. Senti muito esse momento. Hoje cada vez que fecho os olhos, sinto que essas lembranças ainda batem muito forte no meu peito.
Escola Ensino Fundamental Ladislau de Paulo Magalhães
Professor: Maria Jeane Silveira Nascimento
Aluno: Lana Karina Ferreira
Série: 8° Ano
Categoria II – Memórias
Solidão, nós temos da solidão.
Já faz muito tempo...Se bem me lembro, eu era um rapazote (adolescente) quando avistei, pela primeira vez, as “Terras da Solidão...”.
O lugar fazia jus a seu nome: Mato e pedra dividiam espaço com apenas dois moradores – O Raimundo e o Manoel Rosa Velho – na época, separados por grandes porções de terras.
Recordo-me, com clareza, do dia de nossa chegada: Nosso comboio havia partido de madrugada chegamos ao escurecer.
Minha família instalou-se em uma singela casa de taipa, cuja camarinha (quarto de dormir), não foi suficiente para acomodar todas as nossas redes – onze, se não me falha a memória...
Naquela noite, fiquei a cantarolar baixinho, arremedando o pio agourento da mãe-da-lua (espécie de corujalque, de um mameleiro próximo, cantava triste, anunciando a filha altiva).
Despertei, no dia seguinte, com cheiro forte do café silado.
O sol, que atravessara as frestas da parede de barro socado, batia de leve em meu rosto brônzeo.
Era um dia quente de verão.
Do terreiro de nosso humilde casebre, constatei absorto: Tudo era verde, intocado...Quilômetros e mais quilômetros de flora primitiva, de fauna abundante...
Haviam Onças, Caititus, Cotias, Preás...Havia catingueiras, jurubebas, aroeiras...
O cheiro que vinha da mata era inebriante...Cheiro de mata virgem...
Por vezes, teimo ainda em sentir a pureza daquele odor. Todavia, percebo que os cheiros, assim como os tempos mudaram...
Hoje, o aroma exalado pelas matas já não é tão puro. Misturou-se à poeira dos escapamentos, à fumaça produzida pelas constantes queimadas...
Na verdade, nem a mata é a mesma: as aroeiras, catingueiras e jurubebas, deram lugar aos roçados de subsistência e às imensas florestas de cajueiro, cujo fruto, tornou-se a principal fonte de renda do povo solidense.
A magia, que antes era irradiada pela inóspita Solidão, já não é tão forte, mas, em outros tempos, estabeleceu vínculos inabaláveis entre mim e esta terra.
Em 1958, quando já casado, fui afugentado daqui pelo fantasma da seca, parei nove longos anos de intensa saudade...
As primeiras chuvas me trouxeram de volta a esperança de um recomeço ardia em meu peito...
No regresso, porém, as mudanças eram gritantes: moradias aqui e ali, famílias cada vez mais numerosas.
As “terras da Solidão” formam atualmente “O Solidão”, uma comunidade agrícola situada na Zona Rural do município de Cruz.
O progresso foi chegando devagar, engolindo e transformando o verde...A fantástica diversidade de antes sobrevive apenas em minha já gasta memória...
Vez ou outra, quando me interrogam sobre o Solidão de outrora, me perco no vão das palavras, fico a cismar...Nessas horas o jovem rapazote desperta. Vira onça, vira mameleiro...Sente o cheiro puro da mata virgem... Regressa a um tempo em que as terras da Solidão eram, de fato, solidárias...
Texto escrito a partir da
entrevista com o Senhor
Raimundo Monteiro de Freitas,
de 86 anos.
Escola Ensino Fundamental Pedro Marques da Cunha
Professor: Nélia Cunha Freitas Araújo
Aluno: Luciélia Carla da Cunha
Série: 9° Ano
Categoria II – Memórias
Saudosa Lembranças
No pequeno sítio do papai tinha de tudo, muitas árvores, onde as crianças subiam e comiam muitas frutas! Hoje já não há mais crianças aqui, só os pássaros...enquanto as meninas brincavam de casinha, eu e os outros meninos preparávamos os cavalos-de-pau*. Na corrida dava até briga!
Além da boa vista do sítio, a vista do mato era ainda mais bonita! Adorava cavalgar no campo, demorava horas! A natureza era muito boa, dava muitas goiabas, melhor para mamãe e para o papai, ela fazia muito goiabada. Lembro daquela tina* enorme preta, mamãe mexia tanto que suava com a quentura* do fogo. Enquanto isso papai prensava o queijo, há, eu roubava muito, e depois riscava com o grafo e mamãe achava que era rato!
Eu gostava de festas, e na época das fogueiras, ficava com meus pais conversando. Bem, eu também ia pro samba e dançava com muitas morenas formosas, mais era só dança, pois se bolisse* tinha que casar, mais história de casamento era só com os pais, muito diferente de hoje, que os jovens só fazem bobagens!
De manhazinha, dava preguiça de ir lá no Poço Doce buscar sacos de farinha. Bem, pai e mãe sérios, só pode ser casamento, casei cedo graças a meu jeitão e a meu olhar quarenta e três, a mulher faleceu me deixando quatro filhos os três rapazes e a moça já feitos, ainda bem!
Logo casei, agora a mulher é mais nova! Tive de trabalhar para sustentar a esposa, comecei na pesca, oh Deus! Me apressei e a família aumentou e junto com a família a despesa, a pesca não bastava e fui para a agricultura, agora tenho duas bocas para alimentar, é melhor comprar mais goma e rede...
Enquanto a mulher fazia o feijão maduro, eu ouvia a radiola, é, tinha que comprar um radiozinho que era mais original e eu queria ouvir a música do fuscão preto! Bom, começou a apertar, ainda bem que chegou a época do caju, eu vou juntar muita castanha!
Esse lugar mudou muito! Hoje percebo a diferença! Já fui menino, rapaz homem hoje sou velho, e que sirvo apenas para contar minha saudosa lembrança...
Cavalo-de-pau: brinquedo esculpido no talo da carnaubeira.
Tina: panela grande própria de fazer doces
Bolisse: Ato de engravidar as moças solteiras.
Quentura: Alta temperatura, causando calor.
Escola de Ensino Fundamental São Paulo
Professor: Francisco Henrique da Conceição
Aluno: Andreza Maria Silveira Louzada
Série: 8° Ano
Categoria II – Memórias
Minha vida, minha história
Nos anos de 1945, eu ainda era criança, morava em Caboclos naquela época ainda município de Acaraú, mesmo com essa idade, eu acumulava muito sofrer, errei muito mas aprendi com meus próprios erros, dando o meu máximo.
Eu era uma menina pobre, o meu grande sonho era ver meus pais felizes, pois de onze filhos, apenas eu sobrevivi, fiz muitos sacrifícios, eu trabalhava como uma escrava, debaixo de sol e chuva o trabalho era intenso, e não media esforços para obter a minha e a sobrevivência dos meus pais, o trabalho era com a roça, o algodão e o bordado.
Minha mãe sempre dizia:
- Filha espero que você seja uma pessoa de bons modos, mesmo não podendo ir a escola. Quando alguém interrompia uma conversa, pegávamos uma leruada “uma grande surra”. A comida no tempo da seca era farofa de semente de melancia e farofa de caroço de jucunã. Nos vestíamos com as seguintes fazendas, tecido, chita, volta ao mundo, tergal, almesca, estopa, estampa, tropical ou outros eram pique, seda e cambraia eram tecidos muitos caros.
No dia em que completei 16 anos meu pai morreu. O tempo passou minha mãe pegou uma anemia muito forte e acabou morrendo, fui morar com meus padrinhos, lá eu trabalhei muito, com vinte e quatro anos casei-me, considero-me uma mulher de sorte, mais de treze filhos apenas sete sobreviveram, mesmo assim fiquei contente com os que ficaram vivos.
Consegui construir um alicerce, mais forte que concreto era meu objetivo e o concluiu, pois montei um quebra-cabeça incrível a família, não perfeita porque ninguém é.
Escola Ensino Fundamental Manoel Antônio da Silveira
Professor: Maria Eliane de Sousa Brandão
Aluno: Francisca Janaína do Nascimento
Série: 8° Ano
Que infância!
Naqueles tempos de menina, ajudava no sustento da família fazendo bordado à mão. Desde criança aprendi a arte de bordar e passava hora entretida com essa atividade. Minha mãe, ao meu lado, trabalhava fiando algodão para fazer nossas roupas. De segunda a sexta-feira era sempre a mesma rotina.
Quando chegava sábado e domingo todo o tempo, era dedicada a brincadeira: subíamos nos cajueiros e brincamos de pega-pega, com meus irmãos, primos e amigos. Se for noite de lua clara, a brincadeira continuava. Brincávamos de casinha, fazíamos comida para as bonecas e também brincávamos de cantigas de roda.
Na mocidade continuei ajudando minha família. Quando minha mãe saia, eu inventava de costurar, mesmo com as ordens dela dizendo para não mexer na maquina. Meus estudos foram poucos, pois comecei com 11 anos e fiz somente a 4° serie. Tinha que estudar á noite e meus pais não gostavam. Toda vez que ia me arruma para ir á escola, tinha sempre que ouvir suas advertências. Quando acontecia alguma festa, nem pensar em saia, só em companhia da mamãe. Mas se saiamos para as festas juninas, dava um jeito de escapole e cair na dança.
Hoje recordando as dificuldades tive uma infância feliz.
Centro de Educação Básica Paulo Freire
Aluno: Alessandra
Categoria II - Memórias
Minha Longa Jornada.
Aroeira o inicio de uma longa historia, uma história bem bacana.
Seu Odilon tem 73 anos. Nasceu em cambota, mas logo cedo se mudou para Aroeira. Ele me contou que desde meninote lutou por uma vida melhor.
Tudo começou quando cheguei aqui em Aroeira, com meus cinco anos de idades, em minha volta vi somente quando casas e muitos matos, me adaptei fácil, pois não tinha tanta diferença do lugar onde nasci, ao contrario, foi aqui que fiz muitas amizades, amigas esses que fizeram de minha dura infância um pouquinho melhor. Como todo moleque daquela época, minha brincadeira preferida era cavalo de pau, e quando enjoávamos brincávamos de esconde-esconde, pega-pega e outros que o tempo me fizeram esquecer.
Minha juventude foi totalmente diferente, tive que trocar as brincadeiras pelos trabalhos duro na roça, e com tantas responsabilidades também tive que desistir de um grande sonho, sempre sonhei em estudar; poder conhecer as maravilhas do mundo, mas infelizmente minhas obrigações eram maiores que qualquer coisa, mas nem por isso desiste de aprender, lembro que levei muito tempo para aprender o alfabeto, e não tenho vergonha de dizer que consegui com treze anos e escrevendo no chão. Eu recordo que naquele tempo as paqueras eram jogando pedra e milhos nas garotas, e quando elas devolveram era porque também estavam interessadas. Muitas famílias faziam questão de colocar um banco em frente de suas casas, para que os homens soubessem que ali tinham moças solteiras. Em noite resolvi tentar a sorte em uma casa, lá fui recebido bem e levei a moça para o banquinho e conversamos um pouco de nós. Eu não resisti e dei um beijo na testa dela, ela baixou a cabeça e começou chorar, e eu com medo do pai dela, fui embora e nunca mais voltei. Até hoje eu penso que foi emoção do primeiro beijo.Depois de tantos amores fracassados, consegui encontrar aquela que comigo veio a se casar, com ela dividir todos os meus momentos, construímos uma família onde nasceram quatorzes filhos. Só que o destino também foi muito cruel comigo tirando de mim dez filhos, onde morreram por falta de alimentação por causa de terríveis doenças da época.
O mais importante de tudo isso, foi que consegui chegar no dia de hoje, com meus quatro filhos que são a maior orgulho da minha vida.
Talvez eu não tenha realizado tantas coisas naquela época, mas sou um homem realizado hoje, só me entreteço ao ver hoje em dia tanta violência, tanta miséria, tanta desigualdade. Espero que todos façam com eu, lutem para consegui resultados melhores.
Escola de Ensino Fundamental Santa Cecília
Aluno: Regina Célia de Lima
Professora: Maria Evéunia Araújo carvalho
Serie: 9° ano
Categoria II- Memórias
As verdadeiras diferenças
Vovó Creuza nasceu e criou-se em cajueirinho onde vive até hoje, um lugarzinho pequeno, mais adorado por todos que o conhece. Sempre gostei de conversar com ela, só ficava chateada quando eu não entendia, o significado de algumas palavras mencionado por ela, eu acho esquisito.
Um dia nós duas conversando sobre assuntos do passado, ela resolveu então me contar um pouco das muitas dificuldades enfretandas por ela e sua família, e começou assim:
Morávamos numa casinha de taipo bem pobrezinha, o piso era de terra batida e a fumaça que vinha do fogão a lenha inundava a casa, minha família passava por muitas dificuldades, mas vivíamos felizes, pois nunca prendi a esperança de ter uma vida melhor. Nossa casinha querida, tinha a penas panelas de barro, um pote d’água no pé da parede com um copeiro onde pendurava os canecos e as colherinhas de pau com suas quenguinhas, cozinhávamos a lenha. A iluminação vinha de uma lamparina que ficava em cima do caritó existia também um banquinho de pau do qual eu tinha muitos ciúmes. Lembro-me de minha infância humilde onde eu brincava com minhas bonecas de sabugo e de pano confeccionas pela minha mãe. Naquele tempo quando eu estudava a escola era difícil qualquer deslize lá vinha a palmatória como castigo, outro castigo comum era o aluno de joelhos em cima de caroços de milho e quando a professora se aproximava de mim, logo minhas mãos tremiam e eu me transformava numa verdadeira estatua de gelo.
Mamãe sempre foi uma mulher trabalhadeira e ensinou a mim e as minhas irmãs a fiar algodão no fuso para tecer rede,passávamos o dia quase todo nesse oficio, mas quando chegava a noite eu era a primeira a me arrumar para sair, a minha diversão preferida era ir para as cantorias. O tempo foi passando e os meus pais sempre nos proibiam de namorar ou de falar com menino, mas quando eu já estava bem maduro da vida conheci um viúvo com cinco filhos, nos casamos e tivemos nove filhos e as dificuldades só aumentaram, só quando nos aposentamos é que foi melhorando a nossa vida.
O tempo passou depressa e hoje vivo com as minhas lembranças do passado que eu jamais poderia esquecer as recordações que ficaram na minha mente até hoje.
Nossa vovó, que história surpreendente! Tudo isso aconteceu com a senhora?
Sim minha neta, tudo isso, mas hoje tudo mudou hoje é tão grande a minha felicidade que não consigo descrevê-la.
Escola de Ensino Fundamental Maria Filomeno Sousa
Aluno: Maria Aline de Freitas
Professora: Leida Maria Sousa
Serie: 8° ano
Olimpíadas de Língua Portuguesa
Escrevendo o Futuro
Categoria II – Memórias
Escola: EEF. João Evangelista Vasconcelos
Professor: Maria Edileuza da Silveira
Aluno: Antônio Sérgio Marques
Ano: 8º. Ano
Remexendo o Baú
Certo dia, sem nada para fazer, resolvi remexer em um velho baú e reviver minha infância. Ao abrir o baú, dei logo de cara com um pequeno livrinho . Era a carta do ABC, um livrinho bastante útil nos dois primeiros anos de estudo. Encontrei também a cartilha, um livro um pouco maior e que foi muitíssimo utilizado no meu terceiro ano de estudos. Naquela época, poucos estudavam, pois não tínhamos a oportunidade que as crianças de hoje possuem. Além disso, não existiam escolas como as de hoje e tínhamos que estudar nas casas de famílias. Ao guardar a cartilha, encontrei um antigo álbum de fotografias e, ao abri-lo, a primeira coisa que vi foi uma fotografia minha com meus pais. Nesse momento, comparei o passado com o presente e percebi uma grande diferença. Antes, os filhos tinham um grande respeito e obediência por seus pais, já hoje, os filhos não os obedecem mais e não respeitam quem os trouxe ao mundo.
Virei a página e vi a fotografia onde eu e meus amigos jogavam futebol com uma bola de pano, nosso brinquedo favorito. Encontrei também, uma foto de minha irmã e suas amigas brincando com uma pequena boneca, também confeccionada com pano.
Foi aí que lembrei de uma velha brincadeira que eu e todos os garotos de minha idade costumávamos fazer. Nós todos adorávamos matar pássaros com uma baladeira.
Hoje, arrependo-me de tê-los matados e, se pudesse, traria todos esses inocentes de volta ao mundo.
Logo em seguida, voltei a ótimos tempos, o dia do meu casamento. Naquela época, o casamento era totalmente diferente dos de hoje e, como de costume, meu pai e meu futuro sogro marcaram a data do casamento e ao chegar o dia, mataram um porco e um peru para festejar a cerimônias.
Após minutos compenetrados nas antigas lembranças, chegou um de meus netos perguntando se eu poderia ajudá-lo em uma tarefa da escola sobre a origem da comunidade. Guardei o baú e atendendo ao seu pedido, lembrei logo das antigas histórias sobre a origem do lugar contado por meus pais e avós então falei que em 1870, Frutuoso José de Freitas, primeiro morador do lugar, adquiriu uma área de 3.600 hectares de terra e, tendo-a comprado, o mesmo mandou registrá-la com o nome de Cajueirinho, devido ao fato de ter encontrado um cajueiro solitário no centro do seu terreno.
Esse cajueiro viveu vários anos e, em 1.964, devido ao brejo da primeira cheia do açude da Prata, o mesmo veio a desabar. Porém, em compensação, no mesmo local ficou outro cajueiro que nasceu de um fruto seu e permanece vivo até os dias de hoje. Passando a falar das moradias antigas, falei que antigamente havia quatro tipos de casas: de taipa, de cipó, de palha e de tijolos de areia; falei também que antes as casas eram bem baixas e costumavam ter alpendres ao seu redor.
Ele observou e escreveu tudo que eu disse; em seguida, agradeceu e foi embora, mim deixando novamente sozinho e relembrando tudo de bom que vivi no meu velho tempo de infância.
Texto escrito com base na entrevista com José Simão de Souza, 55 anos.
Olimpíadas de Língua Portuguesa
Escrevendo o Futuro
Categoria II – Memórias
Escola: EEF. Macário José de Farias
Professora: Maria Rosemeire de Vasconcelos Costa
Aluna: Nathália Farias Vasconcelos
Ano: 7º. Ano
A vida nos tempos do queima
Certo dia estava pensando nesses casamentos, na juventude e no namoro da molecada e, de repente percebi quantas mudanças ocorreram, principalmente na intimidade das pessoas. Então, lembrei dos meus tempos de romance em que havia dois seguranças, papai e mamãe; e, um tipo de iluminação bem rara, a lamparina, isso jamais poderia esquecer. Aperto de mão e abraço, nem sempre eram aceitos pelos pais, portanto, só restava dialogar, coisa que nesses tempos modernos não acontece.
Passado alguns minutos, e eu ainda pensando, lembrei-me de um termo bem engraçado, “o queima’’, casamento executado sem a permissão dos pais. A coisa mais louca que existiu naqueles tempos. Porém, era legal. Se um filho saísse para passear e na ocasião conhecesse uma moça, poderia fazer “o queima’’, e rapidamente, sem que os pais soubessem estavam casados, embora que sem idade para assumir a família.
Tenho marcas profundas em minha memória. A vida naquela época não era fácil. As famílias tinham filhos, e por isso, passavam muita necessidade, pois não eram famílias pequenas como as de hoje. Conheço algumas de quinze filhos ou mais. Lembro-me que muitas vezes, passaram fome e esta era tão grande que comia batata de xipé vermelho com carapiau: um peixe pequeno da região, farinha também não tinha, então, usávamos cinza. A situação era muito difícil.
É, nosso lugarzinho sofreu muitas transformações. Viveu seca, enchente e por algumas delas também passei. Nesses dias estou aqui, nesse pequeno cantinho do Ceará, mostrando as marcas de um povo brasileiro que mesmo sofrido, enquanto tem imaginação, não deixa de pensar.
Olimpíadas de Língua Portuguesa
Escrevendo o Futuro
Categoria II – Memórias
Escola: Centro de Educação Básica Maria Pereira Brandão
Professora: Rejane Cláudia Vasconcelos Rocha
Aluna: Bruna Marília Costa
Ano: 8º. Ano
Lembrando as raízes
Naquela época não havia energia elétrica, a luz que clareava a noite era apenas a luz das lamparinas ou a claridade das estrelas e do luar.
Na minha infância não tive nenhum fato marcante, brincava com bonecas feita de pano ou de espigas de milho, além de ter que ir todos os dias trabalhar na roça com meus pais.
As condições de vida eram muito poucas, não tinha opções de trabalhos e o que ganhávamos só dava para comer.
Estudo, não tive muito, pois era muito difícil e as poucas escolas se encontravam no centro da cidade e eu morava na zona rural e ficava muito longe para ir.
Os únicos meios de transportes eram as mulas, cavalos ou carroças ainda assim tinha quem optasse pelas bicicletas.
Eletros domésticos, só em sonho mesmo, naquele tempo não tinham dinheiro para essas mordomias.
Os comércios eram poucos e eram conhecidos como “retalho’’, as coisas eram vendidas apenas pela metade”.
As diversões eram mínimas, tinham aquelas cantorias ao redor de uma fogueira e ainda tinha as serenatas feitas as enamoradas eternas.
Ah! Tinha também os resos que davam o que falar, e as novenas da Igreja que arrastavam enormes multidões.
A minha casa como as da maioria do povoado eram feitas de taipo, palha e barro, mais conhecida como casa de “Pau-a-pique”, havia apenas dois quartos, uma sala, e uma cozinha, onde ficava o fogão a lenha com suas enormes chamas que se via ao longe.
Na minha adolescência fui acertada pelo cupido do amor e senti meu coração bater acelerado e lento ao mesmo tempo.
E logo já estava casada e construí junto ao meu marido uma linda família.
Apesar de ter tido uma vida sofrida hoje tenho o que meus pais não tiveram e dou tudo o que não tive aos meus filhos.
E quando me pergunto o que penso sobre o meu passado, respondo que nunca deixarei de me lembrar das minhas raízes, pois são elas que me tornaram a grande pessoa que sou hoje.
Texto baseado na vida de Francisca Leite de Sousa Silveira.
Olimpíadas de Língua Portuguesa
Escrevendo o Futuro
Categoria II – Memórias
Escola: E.F.M. São Francisco da Cruz.
Professora: Leiliane Regiane Farias
Aluna: Nathália Mendes de Sousa
Ano: 2º. Ano médio
A pratica do aborto em Cruz
Atualmente presenciamos diversas mudanças no comportamento da mulher, que beneficiou e prejudicou sua vida em sociedade. Hoje são inúmeros os casos de mulheres que interrompem de forma brutal uma gravidez e vêem nisso uma forma de não cumprir com sua responsabilidade.
Em minha região a questão do aborto tornou-se um tema polêmico, pois todos possuem uma opinião acerca desse assunto. Um grupo de mulheres que lutam pelo aborto afirmam que: “ temos o direito de exercer nossa sexualidade, temos o direito de ter filhos se e quando quisermos, temos o direito de interromper uma gravidez de maneira pública, legal, sem risco, quando assim quisermos {...}. Autodeterminação é o direito que todas as pessoas têm de decidir sobre sua vida”. Mas eu concordo com o considerado pai da embriologia Karl Ernest Von Baer quando afirma que “A vida humana começa na concepção, isto é, no momento em que o espermatozóide entra em contato com o óvulo, que ocorre já nas primeiras horas após a relação sexual e nessa fase do zigoto que, toda a identidade genética do novo ser é definida, a partir daí, inicia a vida biológica do ser humano”.
Sabemos que antigamente nossas famílias eram constituídas por mais filhos, o papel da mulher era apenas cuidar da casa e da família. Hoje a presença feminina destaca-se cada vez mais, porém isso não justifica o ato de impedir a vida recém-concebida. Mas será que quando falamos em uma gravidez que é causada por estupro, quando a vitima sofre violência cruel e desumana e principalmente sofrimento psicológico nos autoriza o direito de interromper essa gravidez? Argumenta-se que nesses casos devemos levar em consideração o grande valor da saúde mental da mulher, pois o feto continuaria a recordá-la durante nove meses a violência cometida, e apenas aumentaria a sua angústia mental. Porém devemos lembrar que o feto não é o agressor, o agressor é o estuprador, o feto apenas é uma vitima inocente, como a mãe. Por isso, não pode ser morto, com base na consideração não ser ele o agressor.
Certamente para solucionar esse problema, nossos Prefeitos e demais autoridades justificariam que, com a matéria Educação Sexual que já é implantada em todos as escolas, as adolescentes teriam mais informações sobre anticoncepcional e serviços, prevenindo então a gravidez e o aborto, mas está acontecendo exatamente o contrário, a gravidez em mulheres duplicou segundo o Centro Nacional de Saúde.
Entre muitos grupos sociais que dizem sim ao aborto somente Igreja mantém-se firme em defender que o feto é ser vivo, que já tem capacidades humanas: raciocínio, vontade e outras atividades e que a morte significa o fim do crescimento natural.
Portanto, defendo que devem ser utilizadas soluções como: ajuda psicológica, religiosa e social para as vitimas de estupro ou adolescentes que enfrentam uma gravidez indesejada. Devemos enfatizar os valores da família, o respeito ás pessoas, o sentido do verdadeiro amor, que não é apenas atração sexual, mas principalmente a responsabilidade diante dos atos.
Categoria II- Memórias
O lugar onde vivo
Na comunidade em que eu moro, antes era chamado de sito caldeirão, o dono dessas terras deu esse nome. Alguns anos após as pessoas deram o nome de Canafistula por haver varias árvores, cujo nome é Canafistula.
A vegetação de antigamente era mata silvestre agora as pessoas estão desmatando e cultivando os cajueiros.
A cultura do povo era a cantoria, rezados e outros. Ditos populares como, vamos sapia, arriégua, orcuvanbu e outros. Hoje é dificio ter o rezado e a cantoria mais é as seresta e festas e esses ditados populares que ainda falam.
É ariégua.
Antes para cuidar da saúde tinha que se locomover a cidade de Acaraú. As mães têm os seus filhos em casa. E hoje as mães têm no hospital. As coisas mudaram, havendo facilidade para cuidar de nossa saúde. Há hospital, posto de saúde próximo de minha comunidade.
Com isso melhorou 100% a saúde da nossa comunidade, diminuindo a mortalidade e dos idosos.
Escola de Ensino Fundamental Valdemar Paulo Ribeiro
Aluno: José Gilvan Sousa
Professor: Maria Erineide Pinto
Serie: 9° ano
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